terça-feira, 9 de setembro de 2025

O que houve com o Pacato Cidadão?

 Alguém vai ler? Me perguntei isso quando consegui conectar nessa conta agora pela tarde, no meio do dia de trabalho. Também fico me questionando se avisamos ou não o que aconteceu à época, pois sinceramente não me lembro. E surpreendentemente, nessa era de chatgpt, prometi pra mim mesma que viria aqui sem nenhuma IA me auxiliando na escrita.

Bem, por onde começar? Meu pai era o Pacato Cidadão, um título que ele se autoconcedeu ao criar esse blog, numa época onde isso tudo bombava, e muito! A música então, casava perfeitamente. Perdi as contas de quantas vezes vi o João Conrad sentado madrugando na frente do computador para colocar todos os posts aqui. Foi ele que me apresentou esse mundo quando eu ainda mal sabia escrever, e me trouxe pra mais perto da internet, me ensinou a buscar informações e a checar o que era ou não real. Ele partiu antes de me ver formando em Jornalismo, mas ele sabe que isso ia acontecer, pois foi apenas 6 meses depois de ele partir.

Enfim, o título do post não é sobre como ele me ensinou a amar o que faço, e a ficar em frente ao pc o dia todo... É pra dizer que a pessoa que tanto se dedicava partiu no mês de julho em 2015. Um câncer de pâncreas agressivo, com muitas metástases, foi descoberto pouco mais de um ano antes, onde o médico disse que seriam poucos dias de vida. Ele aguentou por mais de um ano, foi forte e corajoso, como sempre dissemos. Os médicos diziam que ele estava vivo porque queria mesmo, porque era forte, porque queria estar perto de nós.

Aí então, fizemos um pacto de que manteríamos esse blog atualizado sempre, pra não deixar o que ele tanto gostava de lado. Mas eu, enquanto filha, não tinha condições. E não por preguiça, mas por falta de coragem de ficar mexendo aqui, remexendo uma dor dia após dia. Claro, o final da faculdade, as obrigações de todos os dias, também faziam com que eu não tivesse tempo. Mas de tempo em tempo, abria o blog pra dar uma olhadinha e ver o que ele escrevia.

Meu pai, antes de partir, estava escrevendo um livro. Acho que era um livro, aliás. Ainda tenho alguns HDs dele espalhados na minha casa, hoje em outro estado, guardados para caso um dia eu tenha coragem de abrir. Lembro que a cada exame, ele tirava print ou escaneava, colocava num documento de word e escrevia um pouco. Nunca tive coragem de ler, mas ele tinha fé que ia contar uma história de superação. E ele contou, de um jeito diferente. Pois ele superou o diagnóstico, superou as crenças que diziam que não sabiam como ele estava em pé... superou muito.

Fazia muito tempo que eu não escrevia assim. Mesmo com a profissão exigindo isso, tudo sempre tem uma ajuda de IA em pleno 2025, né?

O Pacato Cidadão estaria vivo, com a ajuda de IA, com toda a certeza, se meu pai estivesse por aqui ainda.  Ele teria feito vários gifs, figurinhas, vídeos noticiosos contando piadas... teria feito o que pudesse pra manter o blog vivo. E hoje, depois de tanto tempo, eu venho aqui dar alguma notícia. Dizer que no meu coração, meu pai está vivo. No do meu irmão, da minha mãe, do genro que ele conheceu e adorou... vivo nas lembranças que neto dele, meu filho, faz a gente ter. Afinal, como pode um pequeno de 5 anos, que sequer conheceu o avô, ser tão parecido com ele?

Obrigada a todos que ainda acessam por aqui. Vocês deixam viva uma memória e um legado de muito esforço e dedicação.


Com carinho,

Bianca Conrad

@biiancaconrad